sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Registro Memorável,

Eram poéticas, aquelas margaridas. Mas só as margardas. Não havia lá, no meio, um casal aos beijos, e nenhum fiel amigo cachorro correndo ao encontro de seu dono, eram só as margaridas. E aí acabava a poeticidade do lugar.
Mais alguém compartilhou minha opinião. Um homem parou, na frente daquele campo florido, observá-lo. Ele largou o cigarro, apagou-o no chão. Andou, procurando algo - eu cheguei a pensar que havia passado da conta com o conhaque - ia e voltava, sempre insatisfeito. Por fim: parou. Eu esperei.
Ele, cuidadosamente, se desvencilhou da câmera que carregava presa ao pescoço e mirou-a, em direção ao jardim. Fotos com flash, ou sem. De diferentes ângulos e lugares. Ele terminou, virou, saiu.
Continuei ali, a observá-las, por um dia todo, e ninguém chegou pra ver. Passado um tempo, as flores com miolos esbugalhadamente amarelos continuavam tão lindas quanto antes e eu, parada ali, quebrava a visão.
Me julgando pouco bela, decidi abandoná-las, deixá-las tão tudo quanto antes. Sem a minha presença intrusiva: poéticas.

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