sábado, 18 de dezembro de 2010

Loucura solitária.

O vai-e-vem dos carros, o acende e apaga dos letreiros luminosos e a minha solidão.
A minha solidão e a minha barriga cheia em frente a loja de donuts. A minha solidão e meus quilos a mais.
A minha solidão e... A buzina!
A colisão me embaralha a vista. O vai-e-vem dos carros acaba e os gritos e os cacos e o sangue ofuscam qualquer outro ocorrido. A minha solidão cessa.
Agora são vítimas, machucados, paramédicos e ambulâncias. Um pouco depois o policial e também a prancheta na qual ele anotava mecanicamente tudo o que eu dizia.
"Você viu?", "Sim” eu respondi. E aí começou o riscar do lápis no papel, e as contorções de sobrancelha e os apertos de lábio.
Ele analisa tudo, relê, me fita e diz: "Terminou?"
"É" eu concordo com a cabeça "Terminei"
Três feridos: o motorista do carro, o cara da moto e um pedestre azarado.
O barulho vai diminuindo assim como o movimento. O policial pede licença e sai; os intrometidos conferem se a balburdia realmente acabou e só com essa certeza dão meia volta; a ambulância, os paramédicos, médicos e vítimas saem seguidos por olhares curiosos. E acabou.
Acabou o embaralho da  vista, os gritos e os cacos e o sangue.
Volta tudo:
O vai-e-vem dos carros, o acende e apaga dos letreiros luminosos, e a minha solidão - minha real companheira: minha incessante solidão.

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