sábado, 25 de dezembro de 2010

Feliz natal, solitário, feliz natal.

Eu passo em frente ao bar: cheio...
Eu não entendo o porque, natal é família, é ceia, é presente.
Cinco anos depois eu paro em frente ao bar. Eu entendo.
Entre a solidão e a companhia de uns bêbados, eu escolho a segunda.
- Uma cerveja.
Eu rio, eu bebo, eu canto, e dali a pouco eu já não controlo minhas ações, a vodka sim.
No dia vinte e cinco: nada mais de crianças, filhos e esposa. 
Amigos. Eu sinto falta, mas, mas... mas eu compenso. Não é díficil. É, na verdade, mas isso não muda nada. Agora eu vivo sozinho e passo os natais no bar.
Mais alguns anos eu estou na mesma rotina...
Eu rio, eu bebo, eu canto, e eu acho uma das solteiras beberronas e levo-a prum canto. Na cozinha, atrás do frezeer, em cima do frezeer.
Ela engravida. De mim. Novidade: Família. Mais uma.
Os nossos natais começam a ser passados em casa. Em frente ao bar, quando vemos aquilo que costumávamos fazer e julgamos.
Não entendemos o porque, o natal é família, é ceia, é presente.
Eu olho aqueles caras que costumavam me carregar pra dentro do carro e que cessavam minha solidão, o garçom que trabalha ali desde que se tem notícia e também o dono do lugar.
Eram amigos, companheiros, sozinhos, solteiros. 
Agora estranhos que eu repugno e não quero que tenham qualquer tipo de contato com meu filho, afinal... que lição eu estaria passando?
Os natais sorriem pra mim, e pra minha mulher e pra minha ex-mulher e pra minha carroça de filhos.
Eu passo em frente ao bar.
O natal também sorri pra eles, ou ao menos era assim na minha época, na nossa época.
O melhor presente que ganham é uns aos outros, e eu perdi isso, ou ganhei isso lá, sobre o refrigerador... Eu não sei, eu esqueci, não quero lembrar.
A gente vai à casa da minha sogra, ela sorri, o papai noel chega e o pequenino tem medo. Ele chora, e eu tenho medo de ele ser triste, de eu estragar algo, de eu não ser capaz de cuidar de uma criança, de eu não saber fazer nada.
De eu só prestar para natais em bar.
- Licença.
Na esquina eles, sorrindo, me esperando, com a cerveja, a vodka, a tequila e o conhaquem em mãos. Eu olho, sorrio, recuso. Eles fecham a cara, mas assim como o natal, minha esposa sorri pra mim.

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