domingo, 24 de outubro de 2010

Socação de memórias, vulgo falta do que fazer.

Eu abro minha caixinha de tranqueira e miudeza, aquela que eu escondo embaixo da cama pra minha mãe não tacar no lixo. A minha pedra da amizade com o X e o N tá lá, ela nem era especial, uma daquelas de calçada, a gente chutou ela durante umas três horas na rua, até foder o pé feio. Meu vinil do ABBA, our last summer, dancing queen, eu lembro quando isso bastava, quando eu não precisava de mais nada. Um pé de all star, só um. O outro eu tinha perdido, na verdade foi o que eu disse. Eu fui numa fazenda e pisei numa bosta, eu teria que lavar e pá pow, decidi deixar de lado, mas não tive coragem de jogar fora o intacto. Um anel quebrado, um anel da amizade, e a chave e o cadeado do meu diário com a minha melhor amiga da sexta série. Tudo isso eu via. Uma carta do meu pai e uma do meu namorado de infancia. Um desenho psicodélico um pingente verdinho. Eu tirei tudo isso, amassei. Juntei um dado que restara no fundo. Tudo aquilo virou uma massa disforme, sem significado algum pra qualquer outro. Mas pra mim, não. Pra mim aquela era uma bola, uma massa disforme de lembranças. Que eu até podia jogar no lixo, mas que eu nunca esqueceria.

Um comentário:

  1. Eu gostei muito de tudo por aqui - a começar pelo nome. Gostei da maneira que você escreve sobre a saudade, sobre mudanças e lembranças.
    Gostei de toda essa criancisse amadurecida e essa juventude imatura que encontrei. Me identifiquei muito, aliás. (:

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