quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Banho.

Choveu, choveu muito. Em toda a cidade as pessoas voltavam a suas casas. O trânsito estava louco, mas, chegando a noite, a cidade que costumava não dormir, estava silenciosa, deserta.
As pessoas deitavam, se cobriam, viam filmes, tomavam chocolate quente ou liam em frente a lareira. Alguns jantavam e outros conversavam alegremente.
Na rua X não se via niguém, nem os estudantes que faziam um bico entregando jornal, nem os jovens que iam ao café, e nem aqueles que iam ao beco se drogar. As luzes se apagaram: breu.
"Aaaaaaaaaaaaah, que delícia" alguém gritou e o silêncio voltou a reinar. 5 minutos.
"Ai ai" ouviam-se suspiros "Fazia tempo que eu precisava lavar a alma"
A luz da primeira casa se acendeu, e da segunda, e da terceira, e da quarta, e assim por diante.
Todas as janelas estavam iluminadas e com rostos curiosos, e todos tinham os olhos vidrados emuma imagem.
Na imagem de uma menina - mulher, com espírito de criança, de moleca - que deixava a chuva cair, e sentia a pureza que infiltrava e sentia falta. Falta de ser criança, de ser alguma coisa, de ser alguém, de ser.

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