sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Máquina de clonagem, vulgo: MUNDO

Loira, olhos azuis e corpo desenhado. Sorriso com os dentes a mostra, todos eles brancos e impecavelmente retos. Roupas de última moda, seguindo tendências. Cílios estendidos, olhos contornados, bocas desenhadas, bochechas avermelhadas e imperfeições corrigidas.
- Ei, você!
- Eu?
- Eu? - várias exclamações em coro - Eu?
- Não, você aí: loira, olhos azuis, salto alto.
- Eu?
- Eu? - de nada adianta, todas olham: são iguais.
É uma ditadura, e sempre será assim, a única coisa são os cabelos lisos que podem ser ondulados e as bolsas pequenas que na próxima temporada serão sacos.
Eu quero renovar, raspar a cabeça e entrar em uma trupe de teatro, quero usar outras roupas, matar o cor-de-rosa. Quem sabe eu ande por aí com um nariz de palhaço - inovação - ou auto afirmação.
Mas... Se... Se eu tentar ser, ou melhor: não ser... Ser outra coisa e não ser o que todos são. Eu vou estar sendo o que alguém já é. O que alguém já teve a idéia. A originalidade acabou, tudo já foi experimentado e eu esperei, perdi minha chance.
- Ei, você! - alguém grita.
- Eu? - eu e mais várias garotas respondemos.
- Não, você aí: a loira, olhos azuis, salto alto.
- Eu? - Nós repetimos. E tudo continua igual, ninguém quer saber quem é quem, ninguém se importa. Clones influenciáveis. A Lady Gaga não faz nada que a Madonna já não tenha feito e a Miley não supera nenhuma Britney Spears. A vida é assim, você não vai ser melhor, você só é... Só é... Igual.

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